25 novos fragmentos do Manuscrito do Mar Morto são revelados

Mais de 25 inéditos fragmentos do Manuscrito do Mar Morto, um importante item religioso que compreende diversas passagens bíblicas hebraicas, foram trazidos à luz com maiores detalhes.

Os diversos fragmentos continham passagens dos livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Deuteronômio, Samuel, Ruth, Reis, Micah, Neemias, Jeremias, Joel, Josué, Juízes, Provérbios, Numbers, Salmos, Ezequiel e Jonas.

Dentro das cavernas de Qumran - onde foram descobertos os primeiros manuscritos em 1950 - nunca haviam sido encontrados fragmentos referentes ao livro de Neemias. Caso esses fragmentos sejam autenticados, seriam os primeiros.


Esses 25 fragmentos recém publicados são apenas a ponta de um iceberg. Um estudioso disse que cerca de 70 fragmentos recém descobertos apareceram no mercado de antiguidades desde 2002.

Além disso, o ministro encarregado da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), juntamente com um número de estudiosos, acredita que há pergaminhos desconhecidos que estão sendo encontrados por saqueadores em cavernas do deserto da Judéia.

O IAA está patrocinando uma nova série de pesquisas científicas e escavações para encontrar estes pergaminhos antes que saqueadores os encontrem.


Manuscritos do Mar Morto

Pergaminhos do Mar Morto foram descobertos entre 1947 e 1956 em uma série de 11 cavernas pelo sítio arqueológico de Qumran, no deserto da Judéia, perto do Mar Morto. Durante esse tempo, arqueólogos e beduínos locais descobriram milhares de fragmentos de cerca de 900 manuscritos.

Alguns dos beduínos venderam seus pergaminhos em Belém através de um negociante de antiguidades chamado Khalil Iskander Shahin, que atendia pelo nome de Kando. Shahin morreu em 1993 e seu filho Wiliam Kando agora dirige a empresa.

Muitos estudiosos acreditam que os fragmentos do Mar Morto foram escondidos nas cavernas de Qumran cerca de 70 anos depois de Cristo, durante uma judaica revolta contra o império Romano. Eles podem ter sido escritos por uma seita judaica conhecida como Essênios.

Qumran e suas cavernas estão localizadas na Cisjordânia, um território capturado por Israel da Jordânia durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Jordan, por vezes, tem afirmado que os fragmentos do Mar Morto pertencem a eles.

Embora o termo do Mar Morto geralmente se refira aos pergaminhos encontrados em Qumran, houveram pergaminhos encontrados em outras cavernas dispostas em outros locais do deserto da Judéia e que, também, são considerados fragmentos do mesmo.

Coletando Pergaminhos

Os 25 fragmentos recém publicados foram comprados por dois coletores separados.

Entre 2009 e 2014, Steve Green, dono da Hobby Lobby, uma cadeia de artes e lojas de ofícios, comprou 13 dos fragmentos, os quais foram doados, juntamente com milhares de outros artefatos, ao Museu da Bíblia. Green está ajudando a financiar a construção do museu, programado para abrir em Washington, DC, no próximo outono.

Uma equipe de estudiosos publicou detalhes desses fragmentos doados no volume do livro “Dead Sea Scrolls Fragments in the Museum Collection” (Brill, 2016).

A proveniência desse lote de pergaminhos não é certa. 


“Alguns desses fragmentos devem ter vindo de Qumran, provavelmente da quarta caverna, enquanto os outros podem ter derivado de outros locais do deserto da Judéia”, escreveu Emanuel Tov, um professor da Universidade Hebraica de Jerusalém.

“Infelizmente pouco se sabe sobre a proveniência desses fragmentos, porque a maioria dos vendedores não forneceram tais informações no momento da venda”.

O comerciante de antiguidades William Kando disse que ele não tem certeza de onde os fragmentos se originaram.

Os cientistas estão realizando diversos testes nos fragmentos doados para ajudar a determinar se algum deles pode ou não ser falso, disse Michael Holmes, diretor executivo do Museu da iniciativa de estudiosos da Bíblia.

Os resultados serão combinados com uma análise da escrita para ajudar a determinar quais são as chances de falsificação dos diferentes fragmentos.

“Os resultados serão incorporados em nossas futuras exposições do museu, convidando os visitantes a entender e se envolver com questões a respeito da avaliação das autenticidades”, disse Holmes.

Os Manuscritos Bíblicos

Martin Schøyen, um coletor da Noruega, possui outro lote dos recentemente revelados manuscritos. Os textos desses fragmentos são detalhados no livro “Gleanings from the Caves: Dead Sea Scroll and Artefacts from The Schøyen Collection” (Bloomsbury, 2016).

Schøyen, que tem uma vasta coleção de antiguidades, começou a colecionar manuscritos bíblicos em 1986. “O desafio final tornou-se adquirir um fragmento do Mar Morto com um texto bíblico”, escreveu. “Era, para mim, uma ilusão.”

Sua determinação foi recompensada quando, aos poucos, ele foi capaz de rastrear fragmentos que estavam à venda por um número de fontes. Ele comprou vários de uma coleção de uma família que agora está em Zurique e vários outros dos descendentes de turistas ou colecionadores que tinham comprado pergaminhos da loja de Shahim, em Belém, na década de 1950.

Ele também comprou alguns fragmentos que já haviam sido de dois estudiosos que trabalharam nas cavernas de Qumran como estudantes em 1948.

“A busca que começou como uma ‘Missão Impossível’, em 1986, gradualmente, começou a tornar-se uma coleção de 115 fragmentos de cerca de 27 diferentes pergaminhos”, disse Schøyen.

Ele acrescentou que alguns dos fragmentos em sua coleção vem das cavernas 1, 4 e 11 em Qumran, enquanto alguns vêm de outras cavernas do deserto da Judéia.

Neemias

Um destaque do museu é um fragmento do livro de Neemias (Neemias 2:13-16).

O fragmento fala de um homem chamado Neemias que viveu durante o século V a.C., em um momento depois da destruição de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C. O império persa tinha tomado tomado o território da Babilônia e os judeus, que tinham sido forçados a deixar Israel, foram autorizados a voltar para casa.

O fragmento registra a visita de Neemias a uma Jerusalém em ruínas, descobrindo que as portas haviam sido “consumidas pelo fogo”. De acordo com o texto do fragmento, ele inspeciona os restos das paredes antes de começar a trabalhar para reconstruí-las.

Estudiosos tem notado em estudos anteriores que os arqueólogos não tinham encontrado nenhuma cópia do livro de Neemias nas cavernas de Qumran. Como a vinda deste fragmento para a América é desconhecida, os estudiosos afirmam que não possuem certeza sobre sua veracidade.

Levítico

Um destaque da coleção de Schøyen é uma parte do fragmento contendo o Livro de Levítico. No fragmento de texto, Deus promete que, se o sábado é descansado e os Dez Mandamentos são obedecidos, o povo de Israel será recompensado. 


“Se você andar de acordo com as minhas leis e guardarem os meus mandamentos e implementá-los, então eu concederei chuva ao seu tempo, de modo que a terra dará o teu produto, e as árvores do campo os seus frutos”.

“Vou conceder a paz na terra, e você deve deitar-se imperturbável por qualquer pessoa, e eu vou exterminar as bestas da terra e nenhuma espada atravessará a sua terra”, o fragmento continua. “Vou olhar com favor em cima de você, fazê-lo fértil e multiplicar-vos”.

Schøyen publicou uma nota de William Kando dizendo que o fragmento de Levítico já havia sido de seu falecido pai, que o pegou de beduínos em 1952 ou 1953 e que foi vendido junto com outros fragmentos a um cliente em Zurique em 1956.

Unknown

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